Você conhece as estatísticas? Sabe quantos brasileiros são surdos? Quantos são portadores de deficiência auditiva? Quantas escolas contam com intérpretes de LIBRAS? Não?! Pois é, a surdez é uma questão com pouca visibilidade.
Talvez você conheça todos esses dados, mas será que alguém que não tem nenhuma ligação com a surdez (não trabalha na área, não tem amigos/familiares, nunca teve colegas etc.) sabe dessa realidade? É muito provável que não. É triste dizer, mas algumas coisas só parecem ter importância (para os veículos de comunicação, para campanhas governamentais, para iniciativas privadas, entre outros) quando algo extraordinário acontece. Quando o filho de algum famoso nasce surdo, por exemplo.
A causa, em si, não tem destaque. No entanto, o termo ‘’visibilidade’’ – caráter, condição, atributo do que é ou pode ser visível, ser percebido pelo sentido da vista – tem ganhado destaque com o avanço da comunicação digital. Hoje, basta um tweet com 140 caracteres para uma causa ganhar notoriedade e viralizar no mundo todo. Pode ser que, em um futuro próximo, essa seja uma boa ferramenta a nosso favor. Apesar de notar que algumas causas parecem não ter importância para boa parte da população. Conforme foi dito, pessoas com algum tipo de influência comovem mais quando em comparação ao anonimato.
Ter uma deficiência ‘’invisível’’ diante de todo esse cenário, traz um enorme desafio a todos nós: aprender a melhor forma de trazer as coisas à luz. No mito da caverna, Platão faz uma analogia sensacional: pessoas presas dentro da ignorância (dentro da caverna e longe da luz) temem tudo aquilo que é desconhecido. Nessa alegoria, apenas a luz pode salvá-los dessa prisão.
Embora a tecnologia possa chegar a nosso favor, dar visibilidade a essa causa é um desafio difícil, uma vez que sempre tentamos evitar o conhecimento. Sim, nós evitamos conhecer. Evitamos falar sobre. O motivo? Talvez as pessoas tenham medo da ideia de um dia se tornarem deficientes também.
Assim, quanto mais engajamento tivermos e mais histórias forem contadas, mais visibilidade daremos. E tudo isso abre mentes, portas e caminhos. É preciso ter coragem para sair da caverna e desbravar um mundo desconhecido, mas uma coisa é certa: o mundo lá é tão lindo e encantador quanto aquilo que a gente conhece.
Até lá, talvez o título deva ser trocado para ‘’surdez: uma questão pouco ouvida’’.