Na edição de 1963 do livro ”Pragmática Da Comunicação Humana”, os autores, Paul Watzlawick, Donald De Avila Jackson e Janet Beavin Bavelas, afirmam que todo comportamento humano em situação de interação tem valor de mensagem, por conseguinte, de comunicação, e, por mais que o sujeito se esforce, é impossível não se comunicar. Dessa forma, segundo os teóricos, tanto as palavras quanto o silêncio possuem qualidade de mensagem no que diz respeito ao interlocutor.
Assim, comunicação – do latim communicatio – é a forma pela qual o sujeito emite experiências, ideias, conhecimentos e sentimentos a outro indivíduo. A mensagem, por sua vez, é decodificada no receptor, ou seja, por aquele que a recebe, com o uso de sistema de signos, símbolos, iconografia, gestos entre outros. Para alguns autores, a comunicação é essencial para a socialização e integração da sociedade, o que à denota extrema importância. Portanto, ao longo de toda a vida, a comunicação influencia a relação do sujeito para com o meio no qual ele está inserido, haja vista a maturação dessas habilidades comunicativas acontece durante os primeiros anos de vida.
De acordo com os teóricos David H. McKinnon, Sharynne McLeod e Sheena Reilly, a comunicabilidade é uma variável fundamental para o aprendizado e, diante da relevância do processo comunicativo, fica evidente que um distúrbio de comunicação pode ser possivelmente prejudicial para o desenvolvimento cognitivo, motor e social.
A maioria de nós desenvolve essa habilidade de transmissão de mensagens sem grandes esforços, apesar de, ocasionalmente, essa comunicação não ser tão satisfatória. No entanto, para alguns indivíduos, a linguagem entra em transtorno por algum motivo, seja pela perda auditiva, seja por dificuldades de articulação, voz, ou fluência, caracterizando os DCH, Distúrbios da Comunicação Humana. A etiologia dos transtornos pode abranger fatores orgânicos, sociais, cognitivos e emocionais e, de acordo com a American Speech, Language and Hearing Association, eles se classificam como obstáculos na habilidade de receber ou processar mensagens, podendo variar em gravidade. Transtorno fonológico, gagueira de desenvolvimento, alteração no desenvolvimento da linguagem oral e/ou escrita são os principais distúrbios.
Os primeiros anos de vida da criança são fundamentais para o desenvolvimento adequado da comunicação e da linguagem. É a partir a interação com a família que a criança adquire as bases para um aprendizado sadio do processo comunicativo, no que tange à sua forma, conteúdo e uso. Contudo, essa aquisição saudável dependente de alguns outros fatores, como o contexto social, familiar e pré-escolar, experiências individuais, capacidades cognitivas e funcionais. De forma que a integridade auditiva se faz um pré-requisito para esse processo, bem como as estruturas responsáveis pela produção da fala. É através da capacidade auditiva que a criança tem acesso à linguagem oral, tornando-se capaz de detectar, identificar, discriminar e reconhecer os sons da fala, para somente depois, compreender e produzir (ou reproduzir).
Como os primeiros anos de vida da criança são primordiais na formação de seu conteúdo comunicativo, seja ele verbal ou não-verbal, o diagnóstico e a intervenção precoce dos distúrbios são extremamente importantes para o desenvolvimento satisfatório da comunicação. O fonoaudiólogo, em conjunto com outros profissionais que lidam com as crianças, é o principal profissional habilitado para identificar, diagnosticar e tratar indivíduos com distúrbios da comunicação oral e escrita, voz e audição.
Referências: Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais, Centro de Ciências da Saúde da Universidade Federal de Santa Maria.