A deficiência auditiva pode ter sua gênese nas mutações genéticas, assim como em situações adquiridas. Por isso, importância da investigação e tratamento, seja preventivo ou não, é primordial para a manter a saúde humana e a qualidade de vida. Doenças não tratadas vão sempre trazer malefícios para o dia a dia, e quando se trata de doenças que provocam a perda auditiva, o assunto também deve ser levado muito a sério. Afinal, a audição é um sentido. O seu conjunto (anatomia e função) nos ajudam na localização, no equilíbrio, na comunicação, e até mesmo na sobrevivência. Obviamente, a perda auditiva, seja qual for o motivo, não nos impede de viver com qualidade, mas dificulta todo esse processo. Dessa forma, negligenciar um problema ou a procura pela solução, é prejudicar a si mesmo.
Diabetes
As razões mais comuns de variações nos sistema vestibular e auditivo são aquelas atribuídas às disfunções no metabolismo de açúcares, doenças da tireoide, da supra-renal e outros transtornos metabólicos. Dentre as questões do metabolismo de açúcares, a diabetes do tipo 1 é a afecção mais associada às perdas auditivas.
A médica otorrinolaringologista e professora de medicina da Universidade Estadual Santa Cruz, Clícia Maia, em parceria com o médico e professor do Departamento de Otorrinolaringologia da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, Carlos Alberto de Campos, foram responsáveis por pesquisa que associou a diabetes mellitus à surdez. Na análise, os pacientes portadores da doença, em sua grande maioria, apresentaram zumbidos, tonturas e hipoacusia, perda parcial ou total da acuidade auditiva. Apesar das diferentes opinões acerca do que pode provocar a perda da audição, se é a angiopatia diabética ou a neuropatia que a doença crônica causa, a diabetes tido papel importante em manifestações vestibulococleares nesses pacientes.
Caxumba, Rubéola e Herpes
Hipóteses virais têm sido objetos de inúmeras pesquisas acerca das doenças que desencadeiam ou favorecem o desenvolvimento de surdez congênita – aquelas que surgem desde antes do nascimento -, bem como quadros de surdez súbita. Entre elas, a caxumba, doença infecciosa aguda e contagiosa, a rubéola, infecção viral e evitável por vacina, e o herpes, vírus que causa feridas contagiosas, são as mais associadas aos casos de diminuição da acuidade auditiva.
Pesquisadores relataram que cerca de 25% dos pacientes com perda brusca da capacidade de ouvir, foram, anteriormente, afetados por infecções virais.
Surdez súbita
A surdez súbita se qualifica como uma surdez sensorioneural de manifestação brusca, de causa desconhecida e, geralmente, em situações aparentemente calmas. Quase sempre unilateral, ela traz consigo zumbidos na grande dos casos. O diagnóstico e o tratamento do problema em si, contudo, inclui a investigação de doenças infecciosas, hematológicas e neurológicas e não se faz tarefa fácil, por conta disso, é considerada uma urgência médica. Os critérios maiores de diagnósticos do problema são: perda repentina da audição, incerteza da causa, zumbidos e tonturas, apesar dos dois últimos estarem ausentes na maioria das situações. Contudo, na procura por diagnóstico etiológico, ou seja, a investigação da origem, diferentes coeficientes têm sido associados à surdez abrupta, entre eles:
Toxoplasmose
Em um caso clínico, uma paciente do sexo feminino, de 18 anos, apresentou perda brusca de audição da orelha direita e, depois de alguns meses, a perda súbita da orelha esquerda. Nesse caso, a perda da audição, nas duas orelhas, foi total. No diagnóstico etiológico comandado por equipe médica, foi constatado o quadro de toxoplasmose aguda, doença infecciosa provocada por parasita comum em fezes de animais e alimentos contaminados. Apesar do tratamento, a paciente não recuperou o sentido. Otorrinolaringologistas enfatizam a importância da investigação acerca da doença em casos de surdez súbita bilateral.
Doença de Lyme
A prevalência positiva de anticorpos de Borrelia burgdorferi em pacientes com perda súbita da capacidade de ouvir, foi objeto de estudo de cientistas finlandeses. Em tais casos, os níveis de anticorpos das bactérias patogênicas eram, em média, seis vezes maiores na amostra de pacientes do estudo, quando em comparação a população geral do país, o que sugeriu relação direta entre a doença e a surdez repentina.
Síndrome da Imunodeficiência Adquirida
Dois estudos constataram a relação entre a síndrome e a surdez súbita. Nos estudos, parte dos pacientes portadores de HIV, sintomáticos e assintomáticos, desenvolveram quadros de perda auditiva.
Doenças hematológicas
No início dos anos 2000, pesquisadores registraram 27 casos de leucemia associados à perda repentina da audição. Além deles, três quadros de anemia foram relacionados ao problema. Isso, porque apresentaram eritrocitopenia que, segundo os autores da pesquisa, teria, provavelmente, favorecido hemorragia intracoclear.
Doenças neurológicas
Em pacientes com esclerose múltipla, a perda súbita da audição tem sido apresentada como sintoma inicial. O diagnóstico, nesses casos, é possível graças à associação entre exames auditivos e ressonâncias. A presença de trombose em artérias importantes para o bom funcionamento do sentido, foi correlacionado à manifestação da perda.
Tratamento
Como os fatores etiológicos são distintos, o tratamento também é. Portanto, se você apresentar qualquer sintoma ou alteração, procure o médico. A melhor forma de cuidar da saúde continua sendo a prevenção.
Referências: Revista Brasileira de Otorrinolaringologia.