A ideia de que todo surdo é mudo está completamente equivocada. Por definição, o mudo é aquele que não faz uso dos órgãos e regiões emissores de sons. Apesar disso, os surdos podem produzir sonorizações vocais, ou seja, tornando a lógica surdo-mudo inadequada. Dessa forma, portanto, a designação se faz incorreta e seu uso é rejeitado.
A relação entre audição e fala existe, entretanto, a deficiência auditiva não impede a linguagem oral. Há sim uma barreira maior no desenvolvimento da comunicação, mas com estímulo, esforço e com o uso de aparelho auditivo, é possível ter uma excelente vocalização. Tal como, é importante ressaltar que a linguagem de sinais também é um modo de fala.
Como funciona a audição?
A audição, palavra que deriva do latim auditione, é um dos cinco sentidos humanos e representa a capacidade de perceber o som. Sendo a orelha o órgão responsável por essa percepção, sua captação funciona até uma determinada distância e depende da intensidade sonora. Em nós, humanos, as vibrações produzidas pelo som dentro da orelha geram impulsos nervosos no nervo acústico que atingem uma área específica do cérebro, o córtex auditivo, e resultam na acuidade sonora. Resumidamente, o processo auditivo se dá da seguinte forma: a cóclea, estrutura localizada no ouvido interno responsável pela função auditiva, possui células ciliadas responsáveis pela transformação dessas vibrações sonoras em ondas elétricas, linguagem que o nosso cérebro é capaz de entender.
Como funciona a fala?
A fala, por sua vez, é a atividade linguística que se dá através de sons produzidos pelo aparelho fonador humano, o qual é dividido em três partes: ressonadores (pavilhão faringobucal e cavidades anexas), laringe e sistema respiratório. À vista disso, a voz pode ser considerada uma expiração sonorizada, mas o principal órgão responsável pela produção da voz é a laringe. É lá que se encontram as ”cordas vocais”, pregas que vibram graças à ação do sopro pulmonar. Tudo isso para mostrar que surdez e mudez são duas coisas distintas.
Diversidade na surdez
Muitos surdos o são desde o nascimento e outros desenvolveram a condição ao longo da vida… seja por meio de doença não tratada, seja por exposição excessiva à ruídos. Os que se tornaram deficientes auditivos condicionais, já haviam desenvolvido a fala (que é uma habilidade adquirida). Desse modo, o conceito errôneo não se aplica a esse grupo, mas sim aos surdos de nascença, e isso só acontece por falta de informação. Você sabia que existe diversidade na surdez? Que existem, inclusive, surdos temporários? Pois é, há surdos que usam aparelhos auditivos e os que recorreram ao implante coclear. Outros que se comunicam apenas por línguas de sinais e os que variam a forma de comunicação. Assim, há também os surdos que ouvem e falam. Isso, porque também existem graus da deficiência, ou seja, rótulos não se adequam à pessoas. Sob circunstância alguma.
Bom, ficou claro que os surdos que também são mudos é minoria entre a população, certo? Além disso, é bem provável que alguns portadores de surdez não falem, não por incapacidade física, mas apenas por falta de exercícios. É por essa razão que o surdo somente será mudo se a deficiência de fala for constatada por médico. A audição não funciona como a sociedade quer.
A idade, a exposição excessiva a ruídos, o não tratamento de doenças que podem favorecer a perda auditiva e o uso de medicamentos ototóxicos são as principais causas da surdez, e qualquer pessoa está sujeita à essa condição.
Diante do mecanismo da audição, existem dois tipos de surdez:
- Surdez nervosa: aquela provocada a partir do comprometimento da cóclea ou de estruturas nervosas relacionadas à audição, como o nervo auditivo e sistema nervoso central;
- Surdez de condução: aquela que é causada por perda das estruturas físicas da orelha que conduzem o som, como a perfuração timpânica, por exemplo.
Por conta disso, a Fonaudio sempre ressalta a importância de cuidados contínuos para com a audição, e depois de todo esse aprendizado, é provável que você esteja se perguntando como se referir a alguém surdo, certo? Surdo, pessoa surda, deficiente auditivo, pessoa com deficiência auditiva, pessoa portadora de deficiência auditiva, portadora de surdez ou pessoa portadora de surdez? O mais empático seria perguntar para a própria pessoa como se referir à condição dela, mas quando for utilizar a terceira pessoa, que tal se referir pelo nome?